terça-feira, 26 de agosto de 2008


Ainda estamos na fase de comemorar a sansão da lei 10.639 – que obriga o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira no Ensino Fundamental e Médio – pelo Presidente da República e de pensarmos e agirmos entusiástica e colaborativamente para sua implementação. Afinal, está transcorrendo o ano em que o sistema educacional sofreu esse impacto.
Temos, porém, o direito e o dever de estarmos atentos. Nosso país é pródigo em leis que não pegam. Ainda mais, com “temática tão problemática” – pelo menos para os que não viam problemas (muitos não viam mesmo!!!) com os nossos currículos, livros e procedimentos didáticos racializados e euronorteamericanocentrados.
Penso que é hora de produzirmos algo que poderíamos designar de Parâmetros da História e Cultura Afro-Brasileira – uma composição de conteúdos à volta de 33% de História da África-33% sobre o Pensamento dos mais influentes intelectuais brasileiros (veríamos aí a gênese do nosso racismo contemporâneo)-34% Questão Racial e Educação; isso como proposta inicial para a organização de Cursos.
Existe massa crítica suficiente: são essenciais as experiências geradas pela intervenção qualificada de organizações do Movimento Negro; há o esforço de pesquisa acadêmica dos NEABs em diversas universidades; há a Associação Brasileira de Pesquisadores Negros, que tem apresentado projetos consistentes para formação de pesquisadores na temática; há conselheiros engajados e mais do que capacitados no Conselho Nacional de Educação... Bastaria a articulação desses setores e outros interessados, orquestrada pelo MEC e pelo CNE.
É necessário ter clareza que essa lei tem uma história que se confunde com a história da emergência do Movimento Negro nos últimos 30 anos. Os desafios para sua implementação são da mesma ordem dos que se antepõem ao avanço da luta contra o racismo.

Em 2008 Brasil e Portugal comemoram a vinda da Família Real portuguesa para Brasil. A data promete grandes comemorações nos dois países.
D. João VI e sua mulher Da. Carlota Joaquina saíram de Portugal no dia 27 de novembro de 2007, acompanhado de, imagine só, 15 mil pessoas.
O que se sabe é que só os acompanhantes da Família Real teriam partido de Lisboa para o Brasil embarcados em 40 ou 50 navios que transportaram as tapeçarias, mobiliário, a biblioteca real e as máquinas da Imprensa Nacional”.
As pessoas não tinham a menor idéia de quanto tempo iam ficar no Brasil e como, já naquela época, todo mundo tinha medo que suas casas fossem saqueadas, trataram de encaixotar tudo que tinha valor: móveis, pratas, jóias, tapetes, louças, candeeiros, cristais, quadros, livros, roupa de casa e de vestir, brinquedos e etc..
Junto com os caixotes seguiam cestos e gaiolas ocupados por cães, gatos, pássaros.
Todos esses volumes foram levados em botes a remos para os grandes navios ancorados no meio do rio Tejo, o que segundo conta a história armou uma grande confusão no cais do porto de saída.
Dá para imaginar o impacto da chegada dessas pessoas com visão européia, de 1800 anos de cultura, uma corte cheia de fricotes no nosso país ainda no comecinho da vida.
Bom vou contar para o Blog aos pouquinhos essa história que é bem bacana.
escrito por Lícia Egger Moellwald

terça-feira, 19 de agosto de 2008

100 anos de Machado de Assis



Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Filho de um operário mestiço de negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de Assis, aquele que viria a tornar-se o maior escritor do país e um mestre da língua, perde a mãe muito cedo e é criado pela madrasta, Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na escola pública, única que freqüentará o autodidata Machado de Assis. De saúde frágil, epilético, gago, sabe-se pouco de sua infância e início da juventude. Criado no morro do Livramento, consta que ajudava a missa na igreja da Lampadosa. Com a morte do pai, em 1851, Maria Inês, à época morando em São Cristóvão, emprega-se como doceira num colégio do bairro, e Machadinho, como era chamado, torna-se vendedor de doces. No colégio tem contato com professores e alunos e é até provável que assistisse às aulas nas ocasiões em que não estava trabalhando. Mesmo sem ter acesso a cursos regulares, empenhou-se em aprender. Consta que, em São Cristóvão, conheceu uma senhora francesa, proprietária de uma padaria, cujo forneiro lhe deu as primeiras lições de Francês. Contava, também, com a proteção da madrinha D. Maria José de Mendonça Barroso, viúva do Brigadeiro e Senador do Império Bento Barroso Pereira, proprietária da Quinta do Livramento, onde foram agregados seus pais.